Entrelaços arbóreos: a arquitetura em diálogo com a natureza

Investigação e conceito 

O projeto Pinheiros é uma ode aos remanescentes arbóreos da cidade de São Paulo. A partir do mapeamento da pré-existência vegetal do terreno, a arquitetura de madeira engenheirada se molda e a complementa, traduzindo espacialmente a premissa de um escritório com sentimento de casa.

O confronto deste desejo com a realidade do local de inserção, com exposição visual e sonora a uma avenida de tráfego intenso, leva o projeto à necessidade de reação e proteção.

A resposta vem da lógica construtiva da madeira engenheirada, onde os pilares perimetrais, que recebem metade da carga estrutural e teriam de ser protegidos da umidade por "peças de sacrifício", são decompostos em dois sistemas: um sistema racional e ortogonal, interno à edificação, e um sistema oblíquo, identitário e exposto ao meio externo.

O sistema ortogonal sustenta o corpo do edifício, o sistema oblíquo o veste e protege. O espaço intersticial resultante entre os dois sistemas é um lugar propício a usos qualitativos e pouco convencionais a edifícios de escritórios.

Do conceito à execução

O projeto de arquitetura e interiores para um escritório de advocacia, em parceria com a Noah – construtech especializada em madeira engenheirada – emerge de um contexto singular em São Paulo, na região de Pinheiros: um terreno que se divide em dois, sendo cada metade orientada para uma rua distinta. 

A proposta foi criar um espaço que reinventasse as formas de trabalho. Ao deixar a antiga sede na Avenida Faria Lima, o cliente buscava um local mais próximo à vivência de uma casa, onde a proximidade entre colaboradores se traduzisse em espaços de convivência.

A arquitetura surge dessa premissa e do encontro com as características tangíveis do terreno, formado por dois retângulos ligados por um istmo, entrelaçados por uma densa massa arbórea. A volumetria se molda ao lote e às árvores de grande porte, abraçando as condicionantes e as características físicas do próprio espaço, respeitando e integrando-se às condições naturais.

Soluções construtivas 

Para a estrutura primária do edifício, foi utilizada exclusivamente madeira engenheirada, tanto na versão MLC, que atua como pilares e vigas, quanto em CLT, que funciona como planos de piso e parede. Essa escolha permite que a estrutura primária de MLC garanta a máxima flexibilidade dos espaços, enquanto o CLT atua como vedações, mantendo a coerência e a funcionalidade do conjunto arquitetônico.

Elementos metálicos complementam o sistema, como caixilhos, floreiras, guarda-corpos e brises e a pérgola que estabelece a conexão entre os dois blocos principais. Distribuído em térreo e dois pavimentos, o edifício une arquitetura e interiores, valorizando a diversidade de ambientes de trabalho e oferecendo múltiplas formas de ocupação. 

Na cobertura foi pensado um espaço que possibilite o trabalho ao ar livre, integrando a vivência do rooftop à massa arbórea circundante. O resultado é um projeto corporativo singular, cuja arquitetura convida a novos formatos de trabalho e ao diálogo constante com a natureza.