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Monolyt
Monolyt
FICHA TÉCNICA
Arquitetura predial | Residencial | Incorporação
arquitetura
ARCHITECTS OFFICE
Blue Heaven
cliente
terreno: 7.418m² | construída: 11.000m²
área
localidade
Estaleiro | Santa Catarina | Brasil
creditos
AO | Marcelo Checchia + Thiago Buccieri
ano
2022 - 2023
MONOLYT: uma arquitetura marcada pela coexistência entre o natural e o humano
Na Praia do Estaleiro, em Santa Catarina, uma arquitetura nasce a partir da mimese e poética do processo de erosão, englobando elementos naturais e a presença humana como agentes. O processo milenar é tido como guia de operações volumétricas arquitetônicas, com objetivo de integração entre o construído e o pré-existente – isto é, alavancar uma proposta que respeite escalas, vivências e o contexto local, firmando um legado positivo na região.
As formações geológicas do litoral catarinense serviram como ponto de partida para a investigação conceitual do projeto residencial MONOLYT. Nos últimos 50 anos, esse território costeiro passou por um processo de verticalização, desconectando-se de sua característica primordial: as formações rochosas esculpidas pela erosão. O projeto busca resgatar a essência desse processo orgânico materializando uma interação harmônica entre a intervenção humana e o meio natural.
O conceito de erosão entrelaça o fenômeno natural e a intervenção arquitetônica proposta pela ARCHITECTS OFFICE, revelando a coexistência de atuações – assim como a água e vento agem sobre a pedra, moldando o terreno, a intervenção humana esculpe os espaços, materializando o projeto.
Fenômenos naturais: da erosão aos rios voadores
A proposta conceitual de MONOLYT engloba ainda o pensamento contextual que perpassa pelos "rios voadores" — correntes de umidade que se originam na Amazônia e criam uma dinâmica climática única no sudeste e sul do Brasil, esculpindo as formações rochosas e alimentando a vegetação tropical da Mata Atlântica. Tal interdependência entre a Amazônia e a costa sul brasileira reforça o papel essencial da erosão, gerada por esses fenômenos, na configuração geográfica da região.
Ao aprofundar a análise do litoral, percebe-se a presença de rochas mais resistentes que moldam as costas e de rochas menos resistentes que, ao se erodirem, formam as praias. A Praia do Estaleiro resulta dessa dinâmica, com dois maciços rochosos que enquadram o terreno do projeto. A intervenção humana proposta busca se integrar ao ambiente natural, respeitando o encontro entre mar, rochas e vegetação.
Natureza entrelaçada à arquitetura
A rocha, enquanto "monumento", é o ponto de partida para o desenvolvimento arquitetônico. O projeto trata a rocha como um elemento primário, onde os processos de erosão humana são aplicados para esculpir os espaços de convivência, de lazer e de fluxos de circulação. A vegetação nativa é preservada e reintegrada no projeto, formando um sistema de espaços livres, que são esculpidos nos vazios onde as formações rochosas não estão presentes.
A água surge como o último e mais simbólico elemento deste ecossistema. No térreo, espelhos d'água evocam a sensação de adentrar uma gruta, conectando arquitetura e natureza. Nas unidades, piscinas privativas interagem diretamente com as rochas originais, tornando-se não apenas um símbolo de identidade do MONOLYT, mas também um elo entre o projeto e o seu entorno natural, sublinhando a integração entre mineral e água.
Da macro à micro escala
Depois das pedras e dos espaços livres, o próximo subsistema da arquitetura do MONOLYT explora a rocha como tesouro – um conceito que traz à tona a ideia de descoberta e preciosidade. Esse princípio é análogo à pirita, uma rocha que, ao ser descascada, revela uma formação cubóide de brilho inesperado, comparável à riqueza escondida no projeto.
O processo projetual atinge até a microescala do edifício, interferindo inclusive na proposição de peças de mobiliário. A presença de mais peças em pedra – tanto desenhadas exclusivamente para o projeto, quanto selecionadas durante o processo curatorial – é mais um artifício que reitera a potência da rocha como fonte inspiradora, e a máxima integração que se dá com o objeto no qual se insere.
Arquitetura: ARCHITECTS OFFICE
Sócio-responsável: Greg Bousquet
Diretor de Arquitetura: Sávio Jobim
Equipe dedicada: Larissa Oliveira, Maria Gabriella Stabile, Felipe Barradas, Filipe Meltzer, Regiane Fernandes, Bianca de Cillo, Lorran Siqueira, Luana Oliveira