Perspectiva 3D - Monolyt, Praia do Estaleiro, SC
Na Praia do Estaleiro, em Santa Catarina, a arquitetura do residencial Monolyt nasce da mimese e poética do processo de erosão, entrelaçando elementos naturais e presença humana.
O fenômeno instiga o pensamento processual por trás das volumétricas arquitetônicas, integrando o construído e o pré-existente – e concretizando uma proposta que respeita escalas, vivências e o contexto local, propondo um legado positivo para a região.
Com o projeto, a Architects Office foi finalista este ano no maior prêmio global de arquitetura: o World Architecture Festival.
O encontro entre o mar, as rochas e a vegetação
Ao aprofundar a análise do litoral, percebe-se a presença de rochas mais resistentes – que moldam as costas – e de rochas menos resistentes – que, ao sofrerem erosão, formam as praias. A Praia do Estaleiro resulta dessa dinâmica, com dois maciços rochosos que enquadram o terreno do projeto. A intervenção humana proposta busca se integrar ao ambiente natural, respeitando o encontro entre o mar, as rochas e a vegetação.Com topografia definida pelo desnível entre dois platôs, o terreno com 180 metros de profundidade é justaposto entre mar e rio. Considerando a faixa de APP (área de preservação permanente), 30 metros de vegetação nativa à beira do curso d’água são respeitados e preservados em caráter original. É somente a partir da extensão restante que o projeto começa a ser concebido: uma arquitetura de transição, mimetizando-se aos signos locais.
A investigação arquitetônica e a rocha como monumento
A rocha, enquanto monumento, se revela na investigação arquitetônica: o projeto desvenda a rocha como elemento primário; um monolito a ser esculpido. Em um compasso entre cheios e vazios, os processos de erosão humana são aplicados, e definem tanto a ocupação das torres residenciais, quanto os espaços livres de convivência, lazer e fluxos de circulação, preservando a vegetação nativa. A água surge como o último e mais simbólico elemento deste ecossistema – no térreo, espelhos d'água evocam a sensação de adentrar uma gruta, conectando arquitetura e natureza.
A micro escala do edifício e a rocha como tesouro
Depois das pedras e dos espaços livres, o próximo subsistema da arquitetura do projeto explora a rocha como tesouro – um conceito que investiga a ideia de descoberta e preciosidade. Esse princípio é análogo à Pirita, uma rocha que, ao ser descascada, revela uma formação cubóide de brilho inesperado, comparável à riqueza escondida no Monolyt. O processo projetual alcança a microescala do edifício na proposição de peças de mobiliário. A presença de peças em pedra – algumas desenhadas exclusivamente para o projeto – reitera a potência da rocha como fonte inspiradora, e a máxima integração que se dá com o objeto no qual se insere.
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