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Que materiais compõem a arquitetura do futuro?

Pensar a arquitetura aliando sustentabilidade e inovação é algo urgente para o futuro da nossa espécie. No entanto, no Brasil, a cultura e a legislação nos fazem esbarrar sempre com as mesmas técnicas no canteiro de obras, o que acaba interferindo nos materiais que especificamos para os projetos.


Certamente você ficou intrigado quando ouviu falar pela primeira vez sobre edifícios inteiros feitos de madeira, não? São lindos, sustentáveis e resistentes, mas ainda há muita gente que duvide deles. Felizmente, vêm dos japoneses novas formas de fazer que prometem aliar na prática a arquitetura à sustentabilidade e à inovação. Tudo testado e aprovado.


No ARCHITECTS OFFICE, a arquiteta Andrea Bagniewski, nossa líder de projetos, fez uma imersão no assunto, ao concluir o mestrado no tema de Materialidade na Arquitetura, na Universidade de Tóquio, no Japão.


Ao longo dos últimos 17 anos, Andrea trabalhou em escritórios como o Atelier Tekuto, Nikken Sekkei e Kengo Kuma. Viu materiais serem criados por grandes escritórios em parceria com universidades. Os testes se estendiam muitas vezes por anos, pois em terra de terremotos e tsunamis, não se pode brincar.


Alguns dos materiais mais interessantes que ela encontrou em sua pesquisa:


Concreto com resíduos de cinzas vulcânicas

Do Atelier Tekuto vem esse material, surgido a partir do pedido de um cliente, que buscava o visual do concreto em uma versão sustentável.


O arquiteto Yasuhiro Yamashita fez testes em parceria com universidades e encontrou o Shirasu como substituto da areia, que tem propriedades desodorizantes e anti umidade. O concreto que o inclui em sua composição é 100% reciclável e melhor ainda: se torna mais resistente com o passar do tempo devido a reação pozolânica.

Residência R Torso do Atelier Tekuto.
Foto: Jérémie Souteyrat | Residência R Torso do Atelier Tekuto.

Madeira engenheirada

Shigeru Ban evoca a carpintaria tradicional japonesa, com seu sistema de encaixe perfeito, feito para resistir a todas as intempéries e ainda impressionar com construções leves e harmônicas. As peças vêm prontas para o canteiro de obras, onde são montadas resultando em uma obra limpa. Também chamada de Glulam, a madeira engenheirada é um material incrível.


Shigeru BanNine Bridges Country Club. Gyeonggi-do, Coréia do Sul.
Foto: Hiroyuki Hirai | Shigeru BanNine Bridges Country Club. Gyeonggi-do, Coréia do Sul.

Acrílico ondulado

Você imaginaria que a foto ao lado é de uma fábrica? O escritório Sejima e Nishizawa acreditou, e graças a eles vemos essa fachada. A fábrica da Vitra, em forma circular, tem a aparência de uma cortina leve, suspensa. São vários painéis de acrílico moldados a vácuo para obter a ondulação - e muitos testes comprovaram que tudo daria certo.


Fábrica da Vitra do Sejima e Nishizawa.
Foto: Christian Richters © Vitra | Fábrica da Vitra do Sejima e Nishizawa.

Há muitos outros materiais a serem criados, cada um com seu desempenho e propriedades a serem avaliados para cada caso. Eles podem inspirar uma construção ou o design de um objeto. Andrea concluiu que o trabalho em colaboração com outros profissionais torna o caminho mais fácil para criar materiais e aplicações inovadores.



Afinal, inventá-los e testá-los exige também a criação de uma legislação própria e burocracias as vezes desanimadoras. No entanto, acredito que seja este o desenho de um futuro mais sustentável, inovador e diverso.

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